domingo, 9 de agosto de 2009

Texto do meu pai na Zero Hora...


Zero Hora - Porto Alegre, 08 de agosto de 2009 | N° 16056


Gripe A, escola e benefícios, por Danilo Gandin *


Há um provérbio, aceito por quase todos, dizendo que “há males que vêm para o bem”. Sua importância não está em tentar nos consolar quando algo sai errado, mas em nos avisar de que, quase sempre, podemos retirar o bem daquilo que parece um mal.

Veja-se a suspensão das aulas por causa da gripe A. Sem discutir se era ou não necessário fazer isto, sobra-nos o fato: os alunos não terão aula durante 15 dias e quase todos consideram este fato como algo ruim. Mas, se olharmos com cuidado, descobriremos vários benefícios, alguns automáticos e outros que teremos de garimpar.

Muitas dessas crianças e adolescentes terão ocasião de conviver mais com seus pais e com seus irmãos. É um período em que somos aconselhados a evitar aglomerações e, por isto, ficaremos mais em casa, aprofundando nossas relações. Além disto estas alunas e alunos construirão vivências com vizinhos e conhecidos porque deles poderão aproximar-se com bastante frequência. Penso que será incrível a oportunidade que terão de criar, em grupos, uma variedade de coisas novas, tanto materiais quanto psíquicas e espirituais. Quantos livros, revistas e jornais poderão passar por suas mãos neste período que, ao final, nos chama com força para o estudo individual e em pequenos grupos!

Para os pais, é um momento de planejar e de aprender. Não é fácil manter crianças e adolescentes ocupados com proveito durante tempos longos. Mas os pais sabem que muitas vezes isto é necessário sem recorrer unicamente a computadores e a televisões. Será necessário sentar-se com calma, como num conselho familiar, e com coordenação diretiva, já que são pais, mas sem violências impositivas quanto ao que se escolhe, elaborar um plano cuidadoso sobre como passar utilmente este tempo.

Para os professores é uma bênção. Estes profissionais, talvez os mais carentes de tempo, poderão atentar a alguns pontos sempre deixados para depois. Primeiro, ler algum bom livro, qualquer um. Por exemplo, um ótimo livro de planejamento escolar, especialmente algum para organizar o trabalho em sala de aula. Depois, repensar, de preferência com os colegas, o processo educativo de nossas escolas, a interferência boa e má de nossas autoridades e os horizontes que são capazes de nos livrar do papel burocrático de “dar” aulas e nos elevar ao nível de sermos adultos ajudando crianças a se educarem. Por fim, revisar os programas para o resto do ano, pelo menos para dividir as lições entre as que são imprescindíveis, as que são importantes, as que podem ajudar e as que são supérfluas.

Haverá, na comunidade, muitos que lamentarão a falta de algum conteúdo preestabelecido. Mas todos os professores sabem que isto não traz grandes problemas. Também não devemos ficar aflitos com o fato de termos de recuperar as aulas. Como não se pode fazer o que seria o certo – decretar que o tempo roubado pela gripe seja lançado como “perdas e danos”, pois, ao final, não muda nada quanto à eficiência da escola –, já que não se pode ou não se quer fazer isto, então se programe um tempo, no fim do ano, para fazer esta recuperação de forma participativa, alegre e lúdica, visando àquilo que é essencial em nossas aulas.

*PROFESSOR, ESCRITOR

Disponível em
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2610385.xml&template=3898.dwt&edition=12868&section=1012

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Um pouco de música...

(...)
Mas espero que daqui pra frente
Tudo se renove pra nós dois
Nossas vidas são tão diferentes
Viva agora tudo o que sonhou
Muita coisa ainda está por vir
Muita coisa ainda vai mudar
Eu espero que daqui pra frente

Eu sigo o meu caminho
E você siga o seu
(...)

Trecho da música "Daqui Pra Frente" - Nx Zero

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A massacrante felicidade dos outros

Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco.

Há no ar um certo queixume sem razões muito claras. Converso com mulheres que estão entre os 40 e 50 anos, todas com profissão, marido, filhos, saúde, e ainda assim elas trazem dentro delas um não-sei-o-quê perturbador, algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem. De onde vem isso?

Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero, uma música que dizia: "Eu espero/ acontecimentos/ só que quando anoitece/ é festa no outro apartamento". Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite. É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são - ou aparentam ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho.

As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias. Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando na verdade a festa lá fora não está tão animada assim.

Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente. Só que os motivos pra se refugiar no escuro raramente são divulgados. Pra consumo externo, todos são belos, sexys, lúcidos, íntegros, ricos, sedutores. "Nunca conheci quem tivesse levado porrada/ todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo". Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia, e olha que na época em que ele escreveu estes versos não havia esta overdose de revistas que há hoje, vendendo um mundo de faz-de-conta.

Nesta era de exaltação de celebridades - reais e inventadas - fica difícil mesmo achar que a vida da gente tem graça. Mas tem. Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia. Ou será que é tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores? Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige? Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa? Estarão mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes enquanto só você está sentada no sofá pintando as unhas do pé?

Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista. As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento.

Martha Medeiros

VALEU, ADRIANE*!!! ADOREI O TEXTO... SÓ PODIA SER DA MARTHA...

* A Adriane foi minha aluna lá no Sévigné. Agora é minha amiga!INHA AMIGA...

Mulher é boba mesmo! risos

Acordei com uma forte ressaca e do lado da cama tinha um copo d'água e duas aspirinas.
Olhei em volta e vi minha roupa passada e pendurada. O quarto estava em perfeita ordem. Havia um bilhete de minha mulher:
- Querido, deixei seu café pronto na cozinha. Fui ao supermercado. Beijos.
Desci e encontrei uma mesa cheia, café esperando por mim. Perguntei à minha filha:
- O que aconteceu ontem?
- Bem, Pai, você chegou às 3 da madrugada, completamente bêbado, vomitou no tapete da sala, quebrou móveis, urinou na cristaleira, fez estragos até chegar ao quarto.
- E por que está tudo arrumado, café preparado, roupa passada, aspirinas para a ressaca e um bilhete amoroso da sua mãe?
- Bem, é que mamãe o arrastou até a cama e, quando ela estava tirando a sua calça, você gritou:
NÃO FAÇA ISSO MOÇA, EU SOU CASADO E AMO MINHA ESPOSA!!

Encher a cara - R$ 70,00
Móveis destruídos - R$ 1.200,00
Café da manhã - R$ 20,00
Dizer a frase certa no momento certo... NÃO TEM PREÇO!