quarta-feira, 2 de junho de 2010

Pingos nos is

POR SANDRA MAIA . 01.06.10 - 10h57
Será que fazemos isso – colocamos os pingos nos is – quando terminamos uma relação? Nem sempre, não é mesmo? Em muitos casos, tudo o que conseguimos é dizer para o outro é “Não dá mais. Não estou bem. O amor acabou”. Isso nos ajuda, nos tira a culpa? Ajuda o outro? Eu respondo: não ajuda. É claro que não precisamos bater em “cachorro morto”, mas colocar para o outro pontos positivos e negativos da relação pode ajudá-lo a se transformar para uma relação futura.
Se gostarmos, se vivemos uma relação, somos um pouco responsáveis pelo outro. Se cativarmos, se o fizermos parte da nossa história – não importa por qual período foi – somos, sim, responsáveis. Então qual será a escolha? Deixamos o outro ir embora sem receber qualquer feedback ou rasgamos o verbo e, abrimos para esse outro o que nos incomodou, o que não bateu o que ficou?
Há relações que entramos para tentar esquecer a outro. E, infelizmente, a presença, esse novo amor – por vezes – não é suficiente para nos tirar do poço de solidão que nos encontramos. E, nesses casos, ok – não há mesmo o que falar. O outro não tem culpa, o outro não teria como fazer qualquer diferença na nossa vida. Não estamos abertos, não temos condições de receber ou dar amor. Estamos ainda doidos, machucados, a ferida está lá aberta.
Mas em muitos outros casos, podemos, ou melhor, devemos colocar os pingos no is. O outro vai nos ouvir, vai compreender, vai aceitar? Pode ser que sim, pode ser que não. Mas, ainda assim, sou da opinião que devemos falar o que vai dentro.
Esta semana, conversando com uma amiga ela reclamava… O namorado de seis anos simplesmente lhe disse: “Precisamos conversar, está tudo acabado, não vamos mais nos ver – você merece outro muito melhor do que eu”. Tragédia! Resultado: ela ficou perdida durante quase um ano – sem saber o que aconteceu. A sensação da perda, misturada à dúvida, a deixavam mais que confusa. Ele não deu qualquer pista, não foi claro, não foi honesto – depois de seis anos, só o que conseguiu falar foi “não dá mais”.
Erros
Pode até ser que ele não tivesse condições de se expressar adequadamente e então preferiu se esconder. Mas fato é, para nós, humanos, toda vez que fechamos uma porta queremos saber o que ficou para trás. O que precisamos corrigir para o futuro, para as próximas oportunidades. Queremos compreender onde erramos.
Até porque os problemas que ficam abertos voltam durante nossa vida. Isto é, tudo o que não foi aprendido retorna para que possamos evoluir crescer… E, nesse contexto, ajudar o outro também nos faz melhor. E é claro que tudo depende da INTENÇÃO.
Não vamos sair por aí falando todo o tempo verdades nuas e cruas sem nos preocupar com os sentimentos e a saúde emocional do outro. Mas, podemos sim contribuir para o seu crescimento.
Essa situação – de avaliação, retorno, feedback – vale para tudo. Imagine um chefe que a cada desapontamento com sua equipe troca a todos, os manda embora sumariamente sem qualquer possibilidade de uma segunda chance… Pois é, difícil não é mesmo? O problema é que muitos de nós vive assim o dia a dia – despedindo a tudo e a todos que estão ao seu entorno , toda vez que se vê obrigado a confrontar-se ou abrir mão de alguma crença errônea. Quem perde mais na relação: quem despede ou é depedido? Complexo.
Por vezes é melhor mesmo ir embora, ficar livre, experimentar a liberdade e, quem sabe, nesse meio tempo, reorganizar-se, conhecer outras pessoas, etc. Melhor estar só que mal acompanhado… Por isso, o que fazemos com o que vivemos é nosso. Podemos aprender ou continuar errando. Escolhas, sempre escolhas.