quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Mais trilhas...



ROTA DO ALBARDÃO
Coloco aqui os textos dos amigos Maurício e Fábio que retratam bem o que foi essa aventura 4X4...


Maurício Mendonça
"A Rota do Albardão do último final de semana que deveria ser um passeio tranqüilo teve tudo para dar errado; um carro que teve de ser consertado antes da trilha começar (o meu), outro que quebrou a tração antes do meio do caminho (uma Tracker com 2000km) e o vento sul que esculhambou as previsões de gasto de combustível e nos causou todos os problemas seguintes. Vento que aliás, segundo moradores da região, foi resultado de uma "viração" que não acontecia há muitos anos.
Eu, e minha família, já fizemos este passeio duas vezes em diferentes épocas do ano (incluindo um final de outubro) e o tudo transcorreu como o previsto pela equipe do Rotas & Trilhas. Neste último, porém, a "coisa" foi feia e tivemos que usar tudo que se espera de um grupo de aventureiros que se lança em passeios fora-de-estrada....ajuda mútua, divisão de tarefas, aproveitamento da capacidade individual de cada um, pragmatismo, e principalmente paciência e tolerância. Eu resumiria tudo isso em uma só palavra: "SOLIDARIEDADE".
Eu que estava com minha esposa, minha filha de 10 anos e meu pai, tenho episódios como os ocorridos nos dias 14 e 15 como aprendizados para a vida toda, não digo que comemorei o fato de ter que passar a noite dentro do carro com mais três pessoas, ou ter que forçar o meu carro a extremos para superar um obstáculo imprevisto ou tentar resgatar algum companheiro com problemas mecânicos ou sem combustível. Mas sem dúvida aprendi muitas coisas sobre os cuidados que devemos ter com as marés, o quanto um imprevisto deve ser considerado para se mudar os planos, quais as conseqüências de uma decisão errada ou acertada, e a importância de se valorizar as pessoas acima de tudo. [...]"
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Fabio Niemezewski da Rosa
"O passeio iniciou como esperado. Um dia magnífico, sem vento, céu azul. Fomos aos molhes, e lá fizemos a largada oficial do passeio. Todos estavam deslumbrados com o clima, que estava fantástico para um passeio a beira mar. Ao meio dia paramos no Farol do Sarita para almoçar, estava quente, pouco vento. O mar estava calmo, muito bonito e convidativo para banho. Mas isto duraria pouco tempo.
Depois das 14:00 o clima começou a mudar. O vento começou a ficar cada vez mais forte, e o mar mais agitado. Já ao chegarmos no Farol Verga, era inviável ficar fora dos veículos. O vento e a areia não deixavam a gente permanecer muito tempo desprotegidos. Nos sentíamos no meio do deserto em uma tempestade de areia.
Ao chegarmos no Farol do Albardão, pegamos a informação com a marinha de que o vento estava dando rajadas de 70 a 80 km/h. Fizemos a visita ao farol, e apreciamos a magnífica vista lá do alto dos seus 44 metros de altura. Foram mais de 200 degraus de subida, mas valeu cada um deles. Lá no alto o farol balançava, e muito, devido as rajadas intermitentes de vento.
A partir deste ponto, já tínhamos certeza que enfrentaríamos maiores dificuldades na travessia do Conchal. Mas ninguém esperava que fossem tantas. A maré já dava indícios que estava subindo. E portanto a faixa de areia para andar a partir de agora seria menor, e conseqüentemente todos foram instruídos a andar mais perto das dunas.
E a uns 25 km do Hermenegildo começaram as adversidades. Alguns veículos com tanques pequenos ficaram sem combustível, e logo outros maiores. O grupo foi se dividindo, pois devido a pequena distancia e ao terreno, era melhor buscar combustível fora do que puxar os km restantes. Uns foram puxados, mas 5 veículos tiveram que permanecer sem gasolina a beira mar, junto com alguns outros para dar suporte.
No inicio da noite a gasolina chegou, e alguns conseguiram sair. Mas um pequeno grupo após horas lutando para vencer o terreno decidiu aguardar a maré baixar e o dia clarear para percorrer os 12 km finais de praia, com tranqüilidade.
Quem ficou na praia empenhado, aqueles que ficaram para ajudar, e aqueles que voltaram para ajudar, passaram horas de aventura e companheirismo que não serão esquecidas tão cedo.
O que se viu foi um exemplo de solidariedade, de amizade, e uma experiência única de trabalho em conjunto para que todos conseguissem chegar bem ao destino."

Um comentário:

Anônimo disse...

Obrigado por ter publicado o texto, Adri.
também recebi a tua mensagem com elogios, obrigado.